O Brasil ainda caminha por uma rota bem virgem quando o assunto se trata do amplo mercado de apostas esportivas. Prática que já invadiu sem pedir licença eventos esportivos, programas de televisão, podcasts e tudo mais que se possa imaginar, hoje o país surfa na onda da recente regulamentação do setor, que, de acordo com projeções do governo, deve render bilhões em arrecadação nos próximos anos. Por isso, de acordo com André Gelfi, presidente do IBJR, a regulação das apostas para contribuir no desenvolvimento do setor e coibir a prática. “A aproximação da International Betting Integrity Association dos ministérios da Fazenda e do Esporte, intermediada por nós, indica um bom início de caminhada para a criação de uma legislação robusta”, destaca, em um artigo escrito para o Jornal O Tempo, de Belo Horizonte.
Ainda segundo Gelfi, “a manipulação de resultados não é novidade no esporte. São várias as razões que levam uma pessoa ou um grupo a tentar interferir de maneira ilegal na integridade de competições de várias modalidades ao redor do mundo. Agora o Brasil é a bola da vez no cenário mundial quando se fala no assunto. Com o avanço das investigações do Ministério Público de Goiás em relação aos crimes envolvendo o principal produto esportivo do país, todas as entidades globais do esporte observam de perto como o país lida, nas esferas legal, política e desportiva, com as trapaças acontecidas ao longo de 2022 no esporte que é parte importante da identidade nacional”, destacou.
Confira o restante do texto do presidente do IBJR. “A integridade do esporte alicerça-se única e exclusivamente no comprometimento dos atletas e equipes com o espírito competitivo. Se não houver disputa, não é esporte. E, se não for esporte, o envolvimento emocional de quem assiste e a movimentação econômica que orbitam o evento desaparecem, desencadeando um forte impacto social.
Pouca gente sabe, mas, para proteger a competitividade, as empresas do setor de apostas atuam juntas para garanti-la. Afinal, a imprevisibilidade é o que faz com que as pessoas se interessem por qualquer competição e, consequentemente, façam suas apostas conforme sua interpretação antecipada de cenários que possam acontecer em um evento. Ou seja, sem integridade não há risco. Sem risco, não há aposta.
É por isso que mercados regulados e entidades esportivas de todo o mundo enxergam o segmento das apostas esportivas como um aliado para combater o problema da manipulação de resultados.
Uma das lições mais emblemáticas desse esforço global trata justamente das opções de apostas, como os mercados de escanteios, cobranças de lateral, cartões e pênaltis. A proibição dessas categorias em alguns países não surtiu efeito em coibir as manipulações, porque num mundo globalizado os criminosos acabavam por fazer a mesma aposta em outros locais do planeta. Ou seja, o problema continuou a existir.
Para evitar esse tipo de situação, existe a International Betting Integrity Association (Ibia), entidade localizada na Bélgica e que é a principal guardiã da integridade esportiva no mundo. Ela faz o monitoramento global de apostas em conjunto com mais de 120 empresas, que operam em mais de 45 países. Diante de qualquer anormalidade, a Ibia envia alertas às principais entidades esportivas e autoridades legais onde a atividade é regulada.
A aproximação da Ibia dos ministérios da Fazenda e do Esporte, intermediada pelo IBJR, indica um bom início de caminhada para a criação de uma legislação robusta e a efetiva integridade das competições de todas as modalidades. A Ibia pode ajudar o Brasil a criar e adaptar parâmetros e preceitos já aplicados em mercados bem-sucedidos mundo afora.
Enquanto isso, as empresas do segmento aguardam com expectativa a regulação brasileira, para que possam trabalhar junto das esferas governamentais para desenvolver um novo setor na economia nacional, totalmente ambientado com o avanço tecnológico deste início de século.