O cenário dos jogos de apostas na América Latina

Por: Joga Brasil

Os operadores de jogos de apostas têm considerado a América Latina uma "terra de alto potencial" para o setor.

Ainda há um longo caminho a percorrer em termos de regulamentação e legalização dos jogos de apostas na América Latina, mas seus operadores vêem a região com otimismo. 

Segundo números divulgados pela America Economía, a começar pela Colômbia, os resultados confirmam o otimismo. A Coljuegos, entidade governamental criada para administrar jogos de sorte e azar no país, informou que em 2020 as apostas pela internet ultrapassaram 8,3 bilhões de pesos em vendas (cerca de US$ 2,2 milhões), o que significa 73% a mais do que foi registrado em 2019.

Apesar da suspensão de várias competições por conta da pandemia, as apostas esportivas representaram a maior contribuição para o setor, com 85% do total arrecadado. Os números também são positivos para o Estado porque através das 3,7 milhões de contas ativas no país, foi possível arrecadar 393,8 milhões de pesos em 2020, cerca de US$ 102,3 mil. 

A tendência de alta no país não parece diminuir. Ainda segundo César Valencia, presidente da Coljuegos, nos primeiros quatro meses de 2021, o setor registrou vendas totais de 5,17 bilhões de pesos (US$ 1,3 milhões), o que significa um crescimento de 54% em relação ao mesmo período de 2020. Com esses valores, o Ministério da Fazenda colombiano previu no mês passado que os jogos de sorte e azar contribuirão com 6% para o crescimento da economia do país em 2021.

No entanto, a realidade da América Latina é desigual. O Chile, por exemplo, é um mercado onde o jogo online não é regulamentado como tal, exceto em algumas exceções específicas para certas entidades. O ex-superintendente de Cassinos e Jogos do Chile, Francisco Javier Leiva, considera o mercado ainda imaturo. “Dada a falta de regulamentação na grande maioria dos países latino-americanos, é um mercado imaturo. Isso significa que ainda falta fazer tudo. Além disso, e talvez como consequência da pandemia, há uma demanda ansiosa, que consome o que encontra.”

O Ministério da Fazenda do Chile, ciente desta deficiência, no entanto, se movimenta para corrigi-la. Em janeiro deste ano informou que aprovará projetos de lei no Congresso com objetivo de modernizar e flexibilizar a indústria de jogos de cassinos. 

A Superintendência de Cassinos e Jogos (SCJ) explicou à AméricaEconomía que se trata de uma lei que regula o desenvolvimento do jogo online no país, que hoje não paga impostos, e que inclui apostas esportivas e jogos, cassino online e outros jogos de azar. A ideia é criar um mercado competitivo, proteger a saúde e segurança dos jogadores, aumentar a arrecadação de impostos e tornar transparentes as origens e a destinação dos recursos obtidos através destas plataformas fazem parte dos objetivos partilhados pela entidade.

Para Francisco Leiva, com o avanço dos jogos online, em cinco anos de um mercado regulado e estabilizado, as operadoras no Chile poderão alcançar um lucro na casa dos US$ 425 milhões.

Já no Peru, o jogo não é regulamentado, embora seja considerado uma atividade econômica legal. Enquanto isso, na Colômbia, as empresas devem contribuir com 15% do lucro para o Sistema Público de Saúde. Segundo Leiva, “Isso explica por que existem mais de 17 casas de apostas que usam aquela jurisdição como base para suas operações. Em 2019 estima-se que foram gerados cerca de US$ 625 milhões, com cerca de 150.000 apostas diárias.” 

A Strendus é uma das plataformas que pretende aproveitar a expansão na América Latina. A empresa surgiu em 2018 como uma das marcas do grupo de origem mexicana Logrand Entertainment Group, que atua hoje nos Estados Unidos, no mercado de games, apostas e entretenimento em formato digital. 

Embora esteja em seus planos se expandir para novos países na região, eles não encaram a América Latina como um bloco único. “São países diferentes, com culturas, públicos e usuários com preferências próprias, que exigem estratégias diferentes”, diz Lenin Castillo, diretor de operações online do Logrand Entertainment Group.

De acordo com Castillo, “A América Latina tem sido descrita como uma ‘terra de alto potencial’ para operadores de jogos de azar online. Embora apenas alguns países tenham legalizado e regulamentado o setor, eles já estão experimentando um crescimento estável. Aqueles que ainda não deram o passo esperam fazê-lo nos próximos anos. Considerando que é geralmente um mercado inexplorado, o potencial é imenso para apostas esportivas, cassinos e outras formas de jogos de azar.” 

Para confirmar esse “incrível potencial de crescimento”, eles levam em consideração estimativas que dão conta de aumentos de 20% ano a ano para o setor na região, com receitas superiores a US$ 7 bilhões até o final de 2021.