De acordo com o presidente Jair Bolsonaro, o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 voltará a ocorrer no Rio de Janeiro.
Nesta quarta-feira, o presidente assinou um termo de cooperação ao lado do governador do Rio, Wilson Witzel, e do prefeito da capital fluminense, Marcelo Crivella, para que a prova do ano que vem seja realizada no novo autódromo da cidade, que será construído em Deodoro (foto do projeto acima).
A cidade de São Paulo, por sua vez, ainda almeja continuar sediando o GP Brasil, que neste ano ainda vai acontecer em Interlagos. O governo paulista, inclusive, tem contrato com o grupo americano que controla a Fórmula 1 até 2020 e, por conta disso, é possível que o GP do ano que vem também ocorra na capital paulista, ao contrário do que disse Bolsonaro.
Em artigo publicado no jornal “O Globo”, o advogado Pedro Trengrouse, professor da Fundação Getúlio Vargas, destacou que a volta da Fórmula 1 ao Rio pode gerar impacto positivo em relação ao turismo.
Trengrouse deu exemplo de outros lugares que recebem corridas da categoria e possuem grandes atrativos turísticos.
– Em Cingapura, o órgão de turismo afirma que cada Grande Prêmio gera cerca de R$ 800 milhões para a cidade, com cerca de 40% do público da corrida vindos de outros países. Há 11 anos, quando o Grande Prêmio de Fórmula 1 voltou a ser disputado em Cingapura, o número de turistas internacionais era inferior a 10 milhões por ano, hoje chega a 18 milhões – frisou.
Para explicar os benefícios que o aumento do turismo fez ao país asiático, o advogado destacou também a construção de um cassino resort que já atraiu mais de 300 milhões de pessoas desde 2010 e ainda vai ser turbinado com altas cifras para uma expansão.
Trengrouse ressalta ainda que o Brasil, embora tenha recebido uma série de eventos esportivos ao longo dos últimos anos, segue estagnado no número de turistas estrangeiros que recebe há duas décadas. Segundo o professor da FGV, isso ocorre porque o investimento tem sido errado, pensando apenas no evento.
– O Brasil vem investindo em eventos esportivos internacionais desde 2007, a maioria deles no Rio de Janeiro. Jogos Pan-Americanos, Soccerex, Mundial de Judô, Jogos Mundiais Militares, Laureus, Copa das Confederações, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos e Paralímpicos só para citar alguns. Já está mais do que provado que pagar a conta desses eventos sem investimento adicional inteligente para iniciativas estratégicas e sustentáveis não funciona. Como então explicar que Las Vegas receba sozinha cerca de 10 milhões de turistas internacionais por ano, o dobro do Brasil inteiro? – salientou.
Como contraponto, o advogado citou o exemplo do Japão, que vai sediar os Jogos Olímpicos de 2020. O país asiático, de acordo com o artigo, está almejando atrair investimentos internacionais para evitar prejuízo com as construções necessárias para a realização da Olimpíada. E uma dessas formas de atrair o capital estrangeiro está na regulamentação de cassinos.
– Uma das medidas foi justamente a aprovação de legislação permitindo cassinos, atraindo investimentos de R$ 120 bilhões em três licenças, mesmo com 3,5 milhões de máquinas caça-níqueis (pachinko) em funcionamento no país atualmente – explicou o advogado.
Trengrouse finalizou o artigo afirmando que a volta do GP Brasil ao Rio pode contribuir para que a cidade seja protagonista do crescimento do turismo no país. Mas é preciso ter políticas públicas inteligentes para que isso ocorra.
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