Já foi o tempo em que olhar para os concorrentes do mesmo setor bastava para ter uma compreensão do mercado. Quem trabalha hoje no setor de jogos e apostas deve estar de olho não só nos seus concorrentes diretos e indiretos, mas também nos movimentos daqueles que não fazem necessariamente parte de um desses dois tipos de concorrência.
O operador de jogos hoje deve olhar para os outros operadores, mas também para a Netflix, para a Apple, Amazon, HBO e, por que não, para o Tiktok e o Instagram? O que todas essas plataformas têm em comum? Produzem conteúdo para telas. E mais: para telas de celular.
Com as Olimpíadas, o serviço de streaming Peacock da NBCUniversal assistiu a um aumento na média de usuários de 52%, alcançando cerca de 2,4 milhões de usuários. Entre junho e julho os downloads mensais aumentaram quase 96%. Esses números foram divulgados pela Dot.LA, veículo de comunicação de tecnologia americano.
A Peacock ainda não sabe quantos usuários vão permanecer utilizando seus serviços quando as Olimpíadas acabarem, mas o número revela uma informação importante. O celular se estabelece como ferramenta de consumo de conteúdo de entretenimento e audiovisual. A Netflix já percebeu esse movimento e está investindo nas telas pequenas. Por que a Netflix está fazendo isso? Certamente tem números que apontam para esse perfil de seus próprios usuários, mas estão com os olhos postos no Tiktok, Youtube e companhia.
Com a conexão cada vez mais rápida, estável e segura; com o aumento do tamanho das telas dos celulares, que já concorrem com tablets, por uma questão de comodidade, o usuário termina usando aquela tela para suas operações. Assim acontece com os consumidores de jogos e com os consumidores de audiovisual.
O Dot.LA traz outro dado interessante para quem pretende posicionar seus produtos no mercado do mobile. TikTok e Snapchat, ambos projetados desde o início para uso móvel, estão muito à frente (dos streamers de jogos) em termos de usuários ativos diários em dispositivos móveis. Cerca de metade dos quase US$ 160 bilhões do mercado global de jogos em 2020 veio de jogadores interagindo com as telas de seus smartphones e tablets, de acordo com a empresa de análise NewZoo.
Se o Peacock vai conseguir converter esses usuários em definitivos é uma questão em aberto, mas todos os players do mercado, sejam operadores de jogos de aposta online, sejam streamings de audiovisual, plataforma de games ou redes sociais estão (ou deveriam estar) de olho na tela pequena.