Se parar para pensar, não foi um movimento surpreendente. Menos de duas semanas atrás a Netflix anunciou a contratação de Mike Verdu, ex-vice-presidente do Facebook, para assumir o cargo de vice-presidente de desenvolvimento de jogos.
A chegada de Verdu, que já trabalhou na Atari e na Electronic Arts, acendeu todas as luzes para o movimento da gigante de streaming na direção do mundo dos jogos.
A concorrência à Netflix está cada vez mais forte. Ocupam esse terreno a Apple, a Amazon, a HBO e a Disney, para citar alguns players. Partir para a oferta de novos produtos e para a interatividade de seus conteúdos parece um diferencial justo em relação aos concorrentes.
No passado, a Netflix já produziu conteúdos que permitiram a interação com o espectador. O exemplo mais emblemático foi o “Black Mirror: Bandersnatch”, onde os espectadores podiam decidir o caminho dos personagens.
Logo que começaram as discussões sobre o reforço de Verdu à Netflix, a Business Insider publicou um artigo trazendo novas informações sobre as reais intenções da empresa de streamig por trás da contratação do ex-Facebook.
No artigo, eles se referem a um relatório da Bloomberg, dizendo que os planos incluem adicionar “jogos diretamente ao serviço de streaming”, mas que não é o caso da Netflix se tornar um hub de jogos com “Super Mario” ou “Call of Duty” no catálogo.
Com mais de 200 milhões de assinantes, as leituras iniciais eram de que a empresa buscava novos assinantes. A Business Insider, por outro lado, diz que esse não seria o objetivo principal. Na verdade, a ideia seria criar “novos tipos de histórias e experiências de novos produtos”.
Os jogos, em vez de chamariz para novos assinantes, seriam usados para aumentar o envolvimento e a interação dos assinantes com o conteúdo da plataforma. Talvez seja uma questão de fidelização.
Nesse caso, os jogos da Netflix não competiriam diretamente com os jogos das outras plataformas. Seria um movimento, inclusive mais na direção de um cinema digital interativo do que na direção de jogos tradicionais.
Independente das intenções da Netflix e se elas vão dar certo, com a “gameficação” das coisas e a interação cada vez maior dos usuários com os produtos que consomem, este é um passo que pode representar uma nova maneira de consumir conteúdo audiovisual.
Muitas indústrias seriam beneficiadas com essa integração, como a dos jogos online, jogos de aposta, cassinos online, etc, porque ela abre caminho para estes segmentos se incorporarem ao audiovisual e proporcionarem experiências inovadoras. E de inovação, a Netflix entende.