Um ex-juiz teria alegadamente expressado em uma gravação sua insatisfação com a falta de recebimento de suborno
O ex-juiz de futebol Glauber do Amaral Cunha está programado para prestar depoimento em uma sessão fechada na CPI que investiga a manipulação de resultados e apostas nesta segunda-feira, 13. Há alegações de que Glauber se queixou, em uma gravação, sobre o não recebimento de suborno após ter assinalado um pênalti que não ocorreu, além de outras faltas que poderiam alterar o resultado da partida.
O áudio que supostamente contém a voz do ex-juiz foi entregue à CPI por John Textor, proprietário da SAF do Botafogo. Ainda não foi confirmado se a voz é realmente de Glauber, e por isso, seu testemunho é muito esperado pela CPI, que quer descobrir se ele admitirá ser o autor ou se fornecerá novas informações sobre o caso.
“Eu marquei, entende? Marquei. Deixei de ganhar uma boa grana também. Mas fiz o que estava ao meu alcance. Não é para fazer loucura, como eu não fiz. Aproveitei a oportunidade que surgiu. Aos 16 minutos, marquei um pênalti para os caras. Entende? Aquele pênalti duvidoso? Eu marquei. Eles chutaram o pênalti na trave. Depois, continuei favorecendo eles. O pênalti que marquei foi por uma agarrão na área. Depois disso, não teve mais agarrões, não tinha mais o que fazer. E a bola não entrou. Acrescentei oito minutos de acréscimo no segundo tempo”, afirma o áudio atribuído a Glauber. Esse áudio tem circulado desde o término do Campeonato Carioca de 2022.
Glauber do Amaral Cunha é registrado na Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Ferj) e fez sua estreia nas competições estaduais em 2018. Além de árbitro, ele trabalha como técnico de edificações e lidera um projeto de futebol para crianças em uma igreja em São Gonçalo. Glauber não atua como árbitro desde 2023, após reprovar nos testes físicos e técnicos.
A Ferj emitiu uma declaração oficial sobre o áudio, destacando que o material foi entregue à CPI presidida pelo senador Jorge Kajuru, com o senador e ex-jogador Romário como relator. A federação ressaltou que não tinha conhecimento prévio do áudio e, portanto, não pode verificar sua autenticidade ou origem. Veja a declaração oficial abaixo:
Sobre o áudio que alegadamente apresenta a voz do árbitro Glauber do Amaral Cunha, entregue pelo CEO da Botafogo SAF, John Textor, à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Resultados, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro informa:
- A Ferj tomou conhecimento do áudio através das redes sociais e não pode confirmar sua origem ou autenticidade.
- Comprometida com a integridade do esporte e o combate à manipulação de resultados, a Ferj, após tomar conhecimento do áudio, reforçou as medidas de proteção por meio de regulamentos internos, comunicação com autoridades investigativas e contratos com empresas internacionais especializadas em detectar anormalidades em eventos esportivos, incluindo:
2.1) Exigência de que os árbitros registrem na súmula a marcação de pênaltis e a justificativa, um procedimento não adotado em competições nacionais;
2.2) Ampliação do contrato com a Sportradar, líder global em tecnologia esportiva para monitoramento e integridade das competições, cobrindo todas as divisões e séries dos campeonatos do Rio de Janeiro organizados pela Ferj, tanto profissionais quanto sub-20, um nível de rigor e análise não adotado por outras federações ou pela CBF;
2.3) Contratação de cinegrafistas para gravar os jogos, criando um arquivo de imagens para análise por diversos motivos;
2.4) Inclusão de medidas mais estritas nos Regulamentos Específicos das Competições para prevenir e combater a manipulação de resultados.
- A Ferj considera que, devido à origem incerta do áudio e à falta de provas de autoria ou identificação precisa do jogo mencionado, seria imprudente e precipitado fazer acusações ou condenações. Em vez disso, optou por implementar medidas importantes e imparciais para prevenir incidentes semelhantes, sem expor indevidamente qualquer pessoa ou instituição. A mensagem foi compartilhada com pessoas e instituições, inclusive na Assembleia Geral da CBF, como um sinal de alerta quando o assunto estava em discussão.
- Glauber do Amaral Cunha nunca arbitrou um jogo da Série A do Campeonato Carioca e foi removido do quadro de árbitros devido a insuficiência física, técnica e de conhecimento, não atuando nas temporadas de 2023 e 2024.
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