O terceiro webinar do ciclo “Agora Brasil” promovido pela Games Magazine Brasil com apoio da Clarion Events, aconteceu ontem (23). Altair Mendanha (Ministério de Economia), Roberto Quattrini (representante das empresas IGT/Scientific Games para Lotex), Sérgio Alvarenga (Presidente do Conselho da Intralot Brasil), Ludovico Calvi (presidente da GLMS) e o advogado especialista Roberto Brasil Fernandes debateram o futuro das loterias no país. Eles falaram da importância da abertura do negócio à iniciativa privada, melhoria do payout, segurança jurídica e digitalização para que os investimentos tragam modernização ao setor.
Witoldo Hendrich Jr foi o moderador da webinar e comentou que a Caixa Econômica Federal detinha o monopólio da exploração até a privatização da Lotex. “O poder da Caixa vai se dissipando, então quero saber como o governo encara isso, perdendo uma fatia do negócio”.
Altair Mendanha, do Ministério da Economia, disse que como órgão regulador, não enxerga como uma perda. “A loteria instantânea não estava em atividade, então não perdemos. A Caixa tem a incumbência de regular e explorar o negócio loterias. Como ela era um produto que já havia sido explorado, não cria sombra sobre as demais modalidades. Essa relação está muito tranquila e o consórcio vitorioso no leilão está em tratativas com a Caixa para explorar os canais de distribuição. É uma nova dinâmica e todos ganham. A Caixa também é vitoriosa”.
Witoldo questionou Roberto Quattrini sobre o lançamento da Lotex. O executivo informou que foi necessário adiar a operação da loteria instantânea devido a pandemia. “Acredito que será possível lançar a loteria instantânea entre novembro e janeiro do próximo ano. Segundo ele, a loteria instantânea não é concorrente dos demais jogos. A loteria instantânea tem prêmios de valor inferior, mas muitas extrações, o que a torna um produto bastante interessante. “Temos planos muito agressivos para o Brasil e a nova loteria será muito atrativa para todos e a maior rede de jogo do Brasil”, afirmou.
Roberto Brasil Fernandes disse que loteria é uma instituição publica que tem poder de regulamentar, fiscalizar e tributar a atividade e que pode ser explorada diretamente pelo poder público, ou indiretamente pela iniciativa privada, mediante contratos com a União ou com os estados.
O presdidente da Global Lottery Monitoring System (GLMS), Ludovico Calvi, comentou que um dos grandes avanços na atividade de jogos é a digitalização. “Todas as operações podem ser feitas de um celular e a segurança cibernética nos oferece tudo que precisamos para que todos tenham um relacionamento adequado diante da diversificação de canais. Temos de unir nossos clientes”, afirmou.
Witoldo questionou Sérgio Alvarenga sobre as grandes mudanças na Loteria de Minas Gerais. Alvarenga comentou que há dez anos vem trazendo jogos online para os apostadores mineiros e a maior dificuldade é encontrar uma operação diferente. “Minas Gerais exige uma operação de logística complicada e conseguimos isso, além de mostrar ao mineiro a diferença de não apostar mais apenas em casas lotéricas”, afirmou.
Roberto Brasil retomou a palavra para lembrar que a Loteria do Estado do Piauí foi a primeira a operar online no país. “Eles sempre foram muito eficientes e essa experiência pode servir de exemplo para o mercado”, disse.
Witoldo questionou Altair Mendanha sobre os concorrentes periféricos da loteria instantânea, como o jogo do bicho e raspadinhas baseadas em planos de capitalização. O dirigente do Ministério da Economia disse: “O mercado ilegal em si tem de ser combatido. Temos uma grande oportunidade com as apostas de quota fixa de trazer os ilegais para o mercado legal. Governo, mercado e apostador são os participantes de um tripé de sucesso para a atividade”, afirmou.
Sobre o jogo ilegal, Ludovico Calvi disse que é importante criar um cenário para que o mercado ilegal entre para a legalização. “Operadores que hoje não têm licença precisam receber a oferta do governo para que entrem no mercado legal, a partir da regulamentação da atividade. O mercado ilegal surgiu e é atrativo para os apostadores. O mercado deve garantir ofertas atrativas para os jogadores para que eles apostem em jogo legal. O payout é um assunto importante. Na Itália, sempre existiram apostas esportivas e quando legalizamos a atividade, a taxa era alta e o mercado ilegal continuou crescendo. Se o payout for adequado, o mercado legal se torna atrativo para os apostadores. Hoje o mercado ilegal representa apenas 5% das ofertas de jogo na Itália, graças à ação do governo no sentido de melhorar o payout para as operações”, contou. O próximo ano, com a entrada em operação das apostas esportivas, poderá ser um marco para o Brasil, na sua avaliação.
Segundo Alvarenga, o jogo ilegal é que se transforma em um desafio enorme. “O jogo do bicho opera muito bem há mais de 100 anos e só será combatido com a legalização. Ele deveria ser trazido para a legalidade, com o governo angariando recursos com a atividade. Esse é o único jeito de termos um mercado totalmente equilibrado”. Para Alvarenga, a redução dos impostos poderia contribuir com o aumento do payout e fazer com que mais apostadores venham para o mercado legal, deixando de lado apostas em atividades ilegais. Alvarenga informou ainda que todas as empresas do setor estão dispostas a vir para o Brasil, “mas o que precisamos é tirar do governo o papel, que não é foco de governo nenhum, desenvolver o mercado lotérico. Os produtos devem estar nas mãos da iniciativa privada e é muito positivo ver a posição do governo de se dispor a privatizar a atividade”.
Fonte: Games Magazine Brasil