A queda nas receitas dos cassinos em Macau está afetando fortemente a economia em geral da região autônoma. As informações foram adiantadas pela Reuters. Macau é o maior centro de jogos de azar do mundo e a crise nas receitas tem forçado centenas de empresas a fechar e elevado o desemprego ao seu nível mais alto desde 2009, segundo a agência de notícias.
Macau registrou uma de suas piores receitas mensais com jogos de azar desde setembro de 2020. A região administrativa especial chinesa é o único lugar no país onde é legal jogar em cassinos. Os impostos sobre os cassinos representam mais de 80% das receitas do governo, o que aponta para uma dependência do país ao setor.
Professor associado da Universidade de Macau, Glenn McCartney, disse à agência que Macau é “a cidade mais dependente do turismo no mundo. Claro, não tínhamos outras indústrias para recorrer”. Ele ainda apontou para a falta de diversificação nas receitas do país e que a solução para o problema não será rápida.
A reportagem da Reuters destaca que a dependência de Macau às receitas provenientes do jogo foi exposta desde o início da pandemia de coronavírus, com as taxas de visitação no primeiro trimestre caindo mais de 80% em comparação com o mesmo período de 2019 devido às restrições de viagem do COVID-19.
De acordo com a agência, mais de 90% dos visitantes de Macau vêm normalmente da China Continental, que continua a seguir uma política de “zero-COVID”. As receitas do jogo de maio caíram 68% em termos homólogos para 3,3 bilhões de patacas (400 milhões de dólares), e – embora 25% acima de abril – continua longe dos 26 bilhões de patacas atingidos em maio de 2019.
Os seis operadores de casinos de Macau estão enfrentando perdas diárias de receitas e a acumulando dívidas à medida que a liquidez continua a secar. As medidas da China para conter as saídas de capital e reprimir a indústria de jogos de azar, encarregada de trazer grandes apostadores do continente, também prejudicaram a receita do jogo.
Citando um ambiente de negócios difícil e perspectivas sombrias para o segmento de jogos de alto nível, o Emperor Entertainment Hotel disse em abril que fecharia seu cassino a partir de 26 de junho. Pelo menos sete outros cassinos devem interromper as operações até meados do ano, informou a mídia local.
A Associação Económica de Macau disse que o clima de negócios local vai manter-se “ruim” nos próximos três meses. Cloee Chan, ativista do grupo trabalhista em Macau, disse que a falta de jogadores, juntamente com o fechamento de salões VIP e alguns cassinos, representa um grande desafio para o mercado de trabalho local. “Muitos trabalhadores da indústria de jogos estão agora sub-representados ou demitidos”, disse ela.
