Com frequência temos reproduzido neste site notícias sobre aquisões e fusões no mercado de cassinos e apostas esportivas. A tendência já vem sendo discutida por analistas do setor, como em um artigo publicado na Sports Handle essa semana.
Para ilustrar esses movimentos, Jeff Edelstein, autor do artigo, destaca a compra da Score Media and Gaming pela Penn National Gaming num negócio de US$ 2 bilhões e a compra do Golden Nugget Online pela DraftKings Casino por US$ 1,5 bilhão em ações.
Ele também aponta a declaração do ex-CEO da William Hill, Joe Asher – cuja empresa foi comprada pelo Caesars por US$ 3,7 bilhões – em que disse que é “inevitável” que o mercado se consolide ainda mais.
Já o fundador e sócio-gerente da Sharp Alpha Advisor, Lloyd Danzig, dá algumas pistas das causas das parcerias e aquisições: “os principais motivadores da atividade de fusões e aquisições na indústria de apostas esportivas dos EUA continuam a ser o acesso à tecnologia, acesso a clientes e acesso a mercados e licenças.”
A outra motivação é bem mais prosaica: os grandes tendem a querer ser maiores. Não é só nesse mercado que isso acontece. Vamos olhar para o Facebook, por exemplo. Primeiro Facebook, depois Instagram e Whatsapp. Para citar apenas aquelas empresas que temos acesso como consumidores.
Chris Grove, supervisor da Eilers & Krejcik Gaming revela uma expecativa do mercado, a de que “a maioria de todos os jogadores de pequeno a médio porte na indústria se fundam ou sejam adquiridos”. Ou seja, parece que estamos vendo apenas o início das jogadas no tabuleiro. “Essa tem sido a tendência na indústria de jogos de azar nos EUA e a tendência macro na indústria de jogos de azar online internacional.”
Danzig contribui para o debate com uma nova linha de raciocínio. “As fusões e aquisições são o mecanismo mais eficiente através do qual as partes interessadas da indústria podem alcançar integração vertical e diferenciação de produto. Este é apenas o começo de um período de robusta atividade de aquisição nas apostas esportivas, cassino online e indústria de entretenimento competitivo em geral.”
Os americanos estão na direção da liderança, de acordo com ele: “A indústria de apostas esportivas e iGaming dos EUA está a caminho de ser a maior do mundo. Cada empresa com usuários, tecnologia ou acesso ao mercado é atualmente um alvo potencial de aquisição.”
Ninguém arrisca previsões certeiras, mas como se trata de uma observação de tendências, alguns palpites são dados. Grove, por exemplo, acredita que embora as grandes estejam realizando aquisições, não se pode ignorar o valor das fusões, em que empresas menores decidam se unir e, por consequência, aumentar seu porte.
Por outro lado, Danzig, acha que o mais provável é que os tubarões continuem engolindo os peixes pequenos.
Além da aquisição de pequenos pelos grandes e da fusão de pequenos, Edelstein levanta outro questionamento. “E a fusão de dois gigantes?” Seria um movimento possível?
Grove ficaria surupreso, mas não descarta a possibilidade e cita como exemplo a possibilidade aquisição definitiva da Entain pela MGM. Aliás, abordamos esse assunto aqui no site essa semana. Danzig, por sua vez, acha que o mercado ainda tem espaço para absorver fusões entre as grandes.
Obviamente, ainda não se sabe qual vai ser a cara final desse mercado quando passar o ciclo de fusões e aquisições. Nessa avaliação, Grove prevê um mercado “grande, diversificado e altamente fragmentado.”
Danzig, porém, prevê consolidação em massa, e cria um paralelo com a indústria de cartão de crédito, que tem apenas algumas operadoras importantes, com “carga regulatória significativa, ofertas de produtos que contêm os mesmos recursos básicos e um grande foco em programas de fidelidade”.
Como se vê, se até os analistas experientes e que atuam na indústria divergem na leitura do cenário, só nos resta observar.