Um relatório publicado anualmente pela empresa ‘Sportradar’, empresa multinacional líder global no monitoramento de movimentações suspeitas, mostra um aumento de 72,7% na quantidade dos eventos esportivos alvos de arranjos. De acordo com uma reportagem elaborada pelo Correio Braziliense, foram 88 episódios apenas em 2021. O número subiu para 152 no ano passado — 139 deles somente no futebol nacional.
Epicentro dos casos de manipulação há pelo menos três anos, o Brasil supera de longe a Rússia, República Tcheca, o Cazaquistão e a China. A segunda colocação na América do Sul é da Argentina com 39, quase quatro vezes menos do que no vizinho Brasil.
O levantamento foi apresentado, em Brasília, na última quinta-feira, pelo presidente do Comitê de Defesa do Jogo Limpo do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e do Comitê da Integridade da Federação Paulista de Futebol, Paulo Schmitt, durante a realização da 2ª Cúpula de Integridade Esportiva Brasileira realizada no Tribunal Superior Trabalho. Enquanto especialistas do mundo inteiro debatiam a crise na capital, clubes das principais divisões do país iniciavam uma caça aos bruxos afastando jogadores contestados do elenco.
“A coisa foi para o ventilador e não conseguimos desligar o ventilador sem tomar um choque tremendo de realidade. Isso que está acontecendo agora é um conjunto de omissões das autoridades do país. Agora está todo mundo correndo para oferecer denúncia, mas isso já devia estar acontecendo há muito tempo”, criticou Schmitt na palestra.
Dos 1.212 casos suspeitos escaneados pela Sportradar no mundo, 775 são no futebol, mas basquete, tênis, tênis de mesa, jogos eletrônicos, críquete, hóquei no gelo, handebol, vôlei, tiro com arco, futsal e golfe estão contaminados.